Devir Vida
Um dos conceitos mais interessantes da filosofia é o conceito de Devir. Originário da Grécia Antiga (século VI a.C), através do filósofo pré-socrático Heráclito, para quem “ninguém atravessa duas vezes o mesmo rio”, o conceito de Devir (do latim devenire, chegar) significa as mudanças pelas quais as coisas passam.
Esse conceito nos traz a reflexão sobre o constante processo de transformação em que se situa o nosso SER, que, nesse sentido, está em constante transformação, em um eterno se tornar algo, num processo de movimento.
Se nada é permanente, há de se pensar na implicação de cada um de nós no cuidado daquilo que nos tornamos; nos nossos afetos.
A potência de uma pessoa está nos encontros, nas relações afetivas que ela cria. Há afetos que nos potencializam e outros que não. Alegria e tristeza são reconhecidas pelas forças que despertam em nós. Uma nos intensifica, enquanto a outra nos diminui.
Cada encontro na vida pode nos tornar algo diferente.
Nesse caminho podemos, em nosso devir, buscarmos o Bom, que, em oposição ao Bem, é um encontro, um caminho, uma escolha, que compõe com o nosso ser e aumenta nossa potência e evitar o Mau, aquilo que nos leva a um lugar que nos decompõe.
Assim, pensar Devir nos tempos atuais é resistir a tudo que se contrapõe à nossa potência de vida. É acreditar no novo, no que se renova, na criação, nas relações humanas como possibilidade de bons encontros e novas descobertas. É afirmar uma ética fundamentada na afirmação da vida.
É não se deixar abater pelo pessimismo e o conformismo.
É viver!
Como citar esse artigo: Mendes, Marisa F. Devir vida Rio de Janeiro, 30 jan 2017. Disponível em: https://www.marisa-mendes.com/single-post/devir-vida/devir-vida . Acesso em (...).
Para saber mais:
SAVAZZONI, Cézar Augusto: Subjetividade e devir à luz da filosofia de Deleuze e Guattari: contribuições para uma psicologia. Dissertação de mestrado. USP 2012.
