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Mundo-Coisa ou Coisas-do-Mundo

“Somos sempre influenciados e modificados pelo

que vemos e sentimos.”

 

Lugar comum falarmos na importância das pessoas para o crescimento das organizações. São elas suas grandes fontes de conhecimento. De fato, essa afirmação pode até suscitar criticas. Poucas vezes, contudo, nos questionamos sobre como adquirimos os nossos saberes, algo tão essencial para as empresas. Senso comum, entendemos que eles podem ser adquiridos nos anos de formação acadêmica que percorremos, ou nas práticas do dia a dia.


processos mentais


Chamamos representação à teoria que acredita ser o conhecimento um fenômeno baseado em representações mentais que fazemos do mundo, sendo a mente um espelho da natureza. Segundo essa visão, somos separados do mundo e ele existe independentemente de nossa experiência. Para adquirirmos conhecimento devemos extrair e processar as informações retiradas do ambiente, tais quais nossos conhecidos computadores, através de processos mentais, que privilegiam a objetividade em detrimento da subjetividade.


Diga-se de passagem, essa última costuma ser acusada de comprometer a exatidão das informações que retiramos do que passa a ser entendido como um mundo-coisa¹ , para o qual devolvemos o que não mais nos é útil, até mesmo as pessoas.


Contrapondo-se a essa visão, muitas vezes privilegiada pela educação formal, Maturana e Varela, a partir de seus estudos na biologia, defendem que o conhecimento não se limita ao processamento de informações oriundas de um mundo anterior à experiência do observador, que se apropria dele para fragmentá-lo e explorá-lo. A vida é um processo de conhecimento onde os seres vivos constroem esse conhecimento pela interação com o mundo e não a partir de uma atitude passiva.


Aprende-se vivendo e vive-se aprendendo.


Construímos o mundo em que vivemos durante as nossas vidas e por sua vez o mundo nos constrói. Vivemos no mundo e por isso fazemos parte dele, vivemos com outros seres vivos e por isso compartilhamos com eles o nosso processo vital.


Para os autores, os seres vivos são autônomos, autoprodutores, capazes de produzir seus próprios componentes ao interagir com o meio, vivem no conhecimento e conhecem no viver.


Em oposição ao ponto de vista anterior, aqui somos obrigados a sair do conforto e da passividade de receptores de informações vindas de um mundo pronto e acabado. A ideia de que o mundo é construído por nós, num processo incessante e interativo, para o autor, traz um convite à participação ativa na criação do próprio mundo e a assunção de responsabilidades, que podemos pensar que passam a ser estabelecidas com as coisas-do- mundo.


Autonomia e dependência deixam de ser opostos e inconciliáveis e se tornam complementares. E dessa forma: “se vivemos e nos comportamos de um modo que torna insatisfatória a nossa qualidade de vida, a responsabilidade cabe a nós.” (Mariotti, Humberto. In: A árvore do conhecimento – 2007, p. 10).

Não restam dúvidas quanto à importância das pessoas!

 

1 Termo utilizado por Humberto Marioti para se referir à relação de coisa que é estabelecida com o mundo no processo de representação.


Como citar esse artigo: Mendes, Marisa F. Mundo coisa ou coisas do mundo. Rio de Janeiro, 29 jan 2017. Disponível em: https://www.marisa-mendes.com/single-post/mundo-coisa-ou-coisas-do-mundo. Acesso em (...).


Para saber mais:

MATURANA, Humberto R.; VARELA, Francisco J.. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. São Paulo: Palas Athenas, 2007.


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